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Cuidados com bezerros: do nascimento ao desmame

Por Gabriela Beccari Vitroca

17/11/2021 17:17

Os cuidados com os bezerros iniciam-se na fase de cria, cuidando bem da matriz que vai gerar esse neonato (Embrapa, 1996). Segundo Soares, 2020 deve ser realizado um protocolo de vacinas nas matrizes no oitavo mês de gestação, para garantir anticorpos no colostro dos bezerros. O colostro é o primeiro leite que a vaca produz após o parto, é por ele que é transferido imunidade para o neonato.


Os bezerros são muito sensíveis, então o trabalho com mesmo deve ser feito com o maior cuidado possível. A vida de um bezerro, depende, principalmente do cuidado inicial, logo que nasce. Fazendas que já estão praticando o bem estar animal e o manejo racional, já treinam suas equipes para que o manejo com o bezerro seja de forma calma, atenciosa, pretendendo produzir bezerros mais calmos, como resultado: animais mais fáceis de trabalhar (FILHO, 2015).


Resende et al., 2018 afirma que uma das causas de perdas na produção das fazendas é a morte dos bezerros recém nascidos, isso ocorre pelo fato do manejo inicial ser mal executado. Para que que não ocorram perdas, bezerros mal desenvolvidos, o neonato deve ingerir o colostro nas primeiras horas de vida e fazer, também, a cura do umbigo corretamente. Uma das maiores consequências é a cura do umbigo mal executada, o que leva a infecção do mesmo, prejudicando o desenvolvimento do bezerro, em alguns casos, pode causar até a morte. Os 5 domínios do bem estar animal podem explicar isso:


1. Nutrição (desnutrição);
2. Ambiente (falhas no manejo de cura de umbigo);
3. Saúde (bicheiras, infecções umbilicais);
4. Comportamento (perde a vontade de mamar, emagrece);
5. Mental (dor, debilidade).


O manejo sanitário preventivo nas primeiras horas de vida do bezerro é o que vai proporcionar a ele, um bom desempenho em toda sua vida (FILHO, 2015).

O correto é separar as vacas que estão no final da gestação em um piquete maternidade, definir quem vai ser o responsável pelas mesmas, para acompanhar diariamente o nascimento dos bezerros e fazer os devidos procedimentos com os mesmos (RESENDE et al., 2018).


CURA DO UMBIGO


Assim que o bezerro nasce, a cura do umbigo deve ser feita rapidamente, por isso que o acompanhamento no piquete maternidade tem que ser frequente, o indicado é duas vezes ao dia. Para a realização da desinfecção do umbigo deve ser segurar o animal pela virilha e pelo pescoço, não pode derrubar ele no chão, escorregue na perna até ele chegar ao chão, evitando o impacto do animal.

O indicado é fazer a desinfecção do um umbigo com solução alcoólica de iodo, dever ser aplicada dentro do cordão umbilical (segurar em volta da pele do cordão e despejar a solução na inserção do cordão com a pele), o que ajuda com que as bactérias não entrem dentro, evitando doenças como onfaloflebite, conhecida como infecção do umbigo. Em seguida, o correto é banhar todo o cordão por fora com a mesma solução, se possível fazer a cura do umbigo duas vezes ao dia, até cair o cordão (EMBRAPA, 1996).

A Embrapa, 1996 forneceu a formulação da solução alcoólica de iodo:

IODO METÁLICO -------------------------------------- 5 g
IODETO DE POTÁSSIO ----------------------------- 5 g
ÁLCOOL ETÍLICO ------------------------------------ 100 ml

Misturar tudo até dissolver bem, manter o frasco em lugar fresco.

O cordão umbilical só deve ser cortado, se o mesmo for maior que quatro a cinco cm, caso ao contrário não puxar e não amarrar (RESENDE et al, 2018).


COLOSTRO


O colostro deve ser fornecido nas primeiras 3 horas de vida do bezerro (Caixeta et al, 2020). É de suma importância que os neonatos ingiram o colostro o mais rápido possível e em quantidade relevante (EMBRAPA, 1996).

De acordo do Filho, 2015 se o bezerro não ingerir o colostro no período correto, pode ocorrer a fraqueza do animal. Observar se os tetos das vacas estão muito grossos, ou se a mesma rejeitou o recém-nascido. Caso isso ocorra, deve se fazer a contenção da vaca (levando até o curral), para colocar o bezerro mamar.

Segundo pesquisadores o fornecimento de colostro é a ação mais importante a ser exercida nas primeiras horas de vida de um recém-nascido. Porque os mesmos, não nascem com imunoglobulinas, a mesma é obtida somente através da mamada do colostro, o que é de extrema importância para proteção contra micro-organismos patogênicos que estão no meio ambiente. Isso torna a colostragem uma função de grande relevância dentro do sistema de produção de bovinos (CAIXETA et al., 2020).

IDENTIFICAÇÃO


A identificação do animal é a chave principal para ter um controle eficiente do rebanho, pois facilita o manejo de todo o seu desempenho na fazenda (RESENDE et al, 2018).
As formas de identificação de um bovino, é com brincos, marcação a fogo e tatuagens. Nos bezerros a identificação é realizada através de brincos e tatuagens, qualquer uma das duas deve ser realizada, entre os nervos da orelha. Após a execução passar um repelente ou pomada de cicatrização na orelha do animal (FILHO, 2015).


Como e onde deve-se aplicar o brinco na orelha do animal:

Fonte: https://www.irancho.com.br/a-importancia-da-identificacao-de-matrizes/

 

MANEJO SANITÁRIO


De acordo com Filho, 2015 as recomendações de manejo sanitário são do MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), dependendo da região do Brasil, deve-se aplicar a vacina contra febre aftosa, brucelose, clostridiose, raiva, carbúnculo. É importante que a propriedade tenha um calendário de vacinas e vermífugos contra parasitas e vírus.
No caso da brucelose a vacinação é obrigatória, entre três e oito meses de idade para todas as bezerras fêmeas (bubalinas e bovinas) com a vacina do tipo B19 (AIRES et al, 2018).


DESMAME


O desmame ocorre voluntariamente entres nove a onze meses de idade, entretanto, para a recuperação da matriz, o indicado é fazer o desmame entre seis a oito meses, de forma repentina, ele geralmente é feito dentro do curral onde é apartado a mãe de sua cria. O manejo feito assim, repentino, pode causar um período de estresse principalmente para o bezerro, resultando em perdas produtivas (peso, diarreia). Nesse período em que está sendo feito o trabalho com eles dentro do curral, geralmente é feita a identificação a fogo, onde o bezerro é contido no tronco de contenção individual e marcado, para a formação de novos lotes (recria).


Uma possibilidade para diminuir o estresse, que segunda pesquisas é eficiente, é o desmame lado a lado, tornando a separação menos depressivo para ambos (vaca e bezerro), diminuindo perdas produtivas, porque o bezerro consegue cheirar, sentir e escutar sua mãe. Esse desmame é feito com piquetes um do lado do outro (FILHO, 2015).


SUPLEMENTAÇÃO DE BEZERRO ATÉ O DESMAME


A fase em que o animal mais ganha peso é quando ele ainda é bezerro em até oito meses de idade, podendo alcançar até 45% do peso final do abate. Então, a nutrição desses animais é de grande relevância, ofertar sempre um alimento de qualidade (FILHO, 2015).

O bezerro pode ter seu desmame precoce se fornecido uma suplementação com alto valor nutritivo, por isso, alguns produtores utilizam do método creep-feeding: Um local que somente o bezerro tem acesso, com cochos onde é fornecido esse alimento. O uso de creep-feeding ocorre na produção de bovinos de corte, tendo como forma de diminuir as faltas nutricionais para os bezerros, depois de 90 dias o leite materno tem uma queda. Além de que, disponibilizando essa demanda de nutrientes, facilita a adaptação do animal ao cocho e diminui o estresse ao desmame (COSTA, T.G., 2019). Essa técnica, reduz a dependência do bezerro com a mãe, ajudando a matriz recuperar-se mais rápido, melhorando o desempenho nutricional da mãe, consequentemente o bezerro que desenvolve mais rápido tendo aumento de peso ao desmame. (RESENDE, et al. 2018).

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS


De acordo com o estudo realizado, pode-se observar a importância dos cuidados com os bezerros recém nascidos até o seu desmame. A prática leva a perfeição, se bem executado teremos uma recria de qualidade, influenciado no produto final.


REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA


RESENDE, F.D.; SIQUEIRA, G.R.; OLIVEIRA, I. M.; “Entendendo o conceito do boi 777” 1 ed. Jaboticabal-SP: Gráfica Multipress LTDA, 2018 pg 41-100.


AIRES, D.M.P.; COELHO, K.O.; SILVEIRA NETO, O.J. DE. “Brucelose bovina: aspectos gerais e contexto nos programas oficiais de controle” Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/vti-738106. 2018. Acesso em: 16 de novembro de 2021.


CAIXETA, D.G.; CARMO, J.P.DO. “Criação de bezerros neonatos: manejo e bem estar.” Disponível em: http://www.scientiageneralis.com.br/index.php/SG/article/view/v1n3a10/32. 2020. Acesso em: 15 de novembro de 2021.


COSTA, TEREZA GABRIELA DA., “Desempenho e economicidade de novilhos precoces provenientes de diferentes manejos durante a fase de cria”. Disponível em: https://www.alice.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/1128648/1/38- DESEMPENHO-E-ECONOMICIDADE.pdf, 2019. Acesso em: 15 de novembro de 2021.


FILHO, AMADEU DE OLIVEIRA. “Produção e manejo de bovinos de corte”, Cuiabá-MT: KCM editora, 2015. Disponível em: https://acrimat.org.br/portal/wpcontent/uploads/2017/05/livro-producao-e-manejo-de-gado-de-corte.pdf Acesso em: 12 de novembro de 2021.


OLIVEIRA, M.C. de S.,' OLIVEIRA, G.P. de. “Cuidados com o bezerro recém-nascido em rebanhos leiteiros” São Carlos: EMBRAPA-CPPSE, 1996. 28p. Disponível em: https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/43656/1/PROCICircT9MCSO1996.00115.pdf Acesso em 15 de novembro de 202


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